A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835-45) foi uma das mais importantes revoltas contra o governo central do Brasil durante o período da Regência. Os revoltosos ganharam este nome porque costumavam utilizar pedaços de pano vermelho (farrapos) amarrados em alguma parte de seus trajes. Farrapos ou farroupilhas eram chamados todos os que se revoltaram contra o governo imperial.
Desde o final do século XVIII, a agropecuária da Região Sul abastecia os grandes centros urbanos do país de gado, charque (carne salgada) e couro. Os estancieiros gaúchos sentiam-se prejudicados pelo governo central, que cobrava altos impostos sobre a produção sulina e favorecia o charque importado da Argentina e do Uruguai que, produzindo carne com mão-de-obra livre, vendiam por preços mais baixos.
Em 1834, o presidente da província do Rio Grande criou novos impostos sobre os campos de pasto. A insatisfação com a atitude do governo central impulsionou a formação de grupos políticos de inspiração republicana e contrários à estrutura política centralizada da época.
A revolta eclodiu em 1835 em Porto Alegre, chefiada pelo estancieiro e deputado Bento Gonçalves, que exigia a renúncia do presidente da província. A rebelião tomou conta da cidade e obrigou os membros da Assembléia Legislativa a nomearem novo governo para o estado.
O movimento federalista logo recebeu o apoio de toda a província. Mesmo depois da prisão de Bento Gonçalves, durante um confronto na ilha de Fanfa, os Liberais não se deixaram abater. Sob a liderança do comandante da 1ª Brigada Ligeira de Cavalaria do Exército Liberal, general Antônio de Sousa Neto, os revoltosos se deslocaram no início de setembro de 1836 para a região de Bagé, onde travaram a Batalha do Seival contra as forças imperiais, que acabou em surpreendente vitória.
Os farroupilhas decidiram, então, separar a província do resto do Império do Brasil e proclamá-la uma nação republicana independente: em 1836 nascia a República Rio-Grandense ou República de Piratini, mesmo sem o conhecimento de Bento Gonçalves, preso na Bahia. Dois meses depois, a vila de Piratini tornou-se capital, e Bento Gonçalves foi aclamado presidente. Em 1837, ele foge da prisão e assume a presidência.
Os farropilhas controlavam o Rio Grande e participavam de alianças políticas na região platina, recebiam armas e cavalos de uruguaios e argentinos, podendo assim resistir às pressões e ataques do governo central.
Dois anos depois, ampliaram a luta com a invasão de Santa Catarina, com tropas comandadas por Davi Canabarro, auxiliado por Giuseppe Garibaldi (revolucionário italiano que vivia refugiado no Brasil com sua mulher, Anita Garibaldi). Conquistaram a vila de Laguna e proclamaram, em julho de 1839, a República Juliana.
Em 1842, com d. Pedro II já no trono, o governo imperial nomeou Luis Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, presidente da província. Em junho de 1843. Ofereceu aos farroupilhas anistia geral, devolução das terras confiscadas, incorporação dos oficias ao Exército e libertação dos escravos envolvidos na luta. Além disso, os estancieiros gaúchos foram compensados com a criação de um imposto de 25% sobre toda carne salgada oriunda da Argentina e do Uruguai.
O Tratado de Poncho Verde pôs fim a dez anos de conflito.
HINO RIOGRANDENSE
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Como a aurora precursora do farol da divindade, foi o Vinte de Setembro o precursor da liberdade.
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Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra, sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.
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Entre nós revive Atenas para assombro dos tiranos; sejamos gregos na glória e na virtude, romanos.
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Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra, sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.
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Mas não basta p'ra ser livre ser forte, aguerrido e bravo, povo que não tem virtude acaba por ser escravo.
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Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra, sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.